mardi 4 août 2009

Em busca de La Disparition

Pouco antes de voltar pro Brasil, meu namorado foi obrigado a dar uma passadinha rápida por Paris. Para aproveitar a oportunidade, fizemos uma listinha com alguns livros que a gente tinha que comprar lá, afinal a Gilbert Jeune e a Gilbert Joseph oferecem os livros no formato de bolso de forma semi-organizada, com um preço adequado, e muitos com opções de livros usados (pela metade do preço original).

Partimos da seguinte lista :

. Thérèse philosophe avec le préface de Mme Lotterie: já li esse livro para uma matéria, no entanto, minha professora fez o prefácio para a edição de bolso.
. Histoire de l’art (Gombrich): todos os motivos para comprar mas apesar de não estar tão caro, ele era de qualquer jeito 29 euros, além disso, se não é pra ler na língua original, leio em português, né?!
. O Muro (Sartre): li ainda no ensino médio e achei bem legal.
. La Disparition (Perec): explico depois.
. Jean Marie Gustave Le Clézio (nobel): ganhou o prêmio nobel, apesar da escolha ter sido bem criticada.
. La Princesse de clèves (Mme de Laffayette): gerou polêmica quando o Sarkô questionou a sua importância em um concurso publico.
. Jacques le fataliste (Diderot): curioso, não?!

Após algumas indas e vindas do meu namorado entre as duas livrarias e umas 10 ligações de celular, adicionamos uns, não achamos outros e acabamos comprando :

. O Muro (3,3 euros).
. le clézio, Le Procès-verbal (3 euros).
. Jaques le fataliste (2,25 euros).
. A Insustentável leveza do ser, do kundera (5,5 euros): adicionado à lista porque o kundera também escreve em francês e a gente já tinha curiosidade por esse livro.
. Justine (5 euros): Sade e a literatura pornográfica do século XVIII.
. Le Rouge et le noir (2,75 euros): a gente tinha comprado antes, sem querer, um livro só com as "melhores partes", como o texto integral estava barato foi adicionado à lista.
. O Estrangeiro (2,25 euros): comprei de presente para uma amiga que está aprendendo francês, além de ser um bom livro, não é tão complicado para quem já sabe um pouquinho.

Acho que fizemos boas compras no fim das contas. No entanto, agora, La Disparition do Perec está me fazendo falta. Ouvi falar do Perec com muita frequencia na minha aula de Edição Científica Digital, usamos um texto dele (Experimental Demonstration of the tomatotopic organization in the soprano - Cantatrix sopranica L.) de forma intensa para aprender um pouco de XML. Como a aula era um pouco complicada e o texto não facilitava, o pobre Perec foi quase odiado. Mas uma amiga me falou pra ter calma que ele era um cara legal!

Passado alguns meses do fim dessas aulas, fui procurar novamente o Perec. Achei na biblioteca seu primeiro livro Les choses e achei muito bom, diferente, ele usa frases curtas e diversas palavras para a composição e a caracterização dos ambientes e dos personagens. No entanto, o que mais me chamou atenção foi um outro livro: La Disparition. Há muito tempo atrás, eu tinha ouvido falar de um livro que tinha sido inteiro escrito sem uma das vogais. Lembro que fiquei interessada, mas não me engajei muito na busca.

Não preciso nem dizer que se trata exatamente de La Disparition. Pois é, li em algum lugar que o que o Perec faz é meio que misturar a literatura com a matemática... e então ele escreveu esse livro sem utilizar a vogal e. Até onde eu sei, esse livro não foi traduzido e fico imaginando como isso poderia ser feito (até descobri depois que esse era um dos grandes desafios do pai de duas amigas minhas), mesmo porque o e em francês acho que corresponderia mais ao nosso a. Será que a tradução seria sem o a ou sem o e? Interessante! Se alguém descobrir uma solução me conta! Se não, achei o livro em francês pelo site da Livraria Cultura por 31 reais (disponível em até 10 semanas). Vou ver se mato minha curiosidade.

Sinopse do livro no site da Livraria Cultura:
Disons, sans plus, qu'il a rapport à la vocalisation. L'aiguillon paraîtra à d'aucuns trop grammatical. Vain soupçon - contraint par son savant pari à moult combinaisons, allusions, substitutions ou circonclusions, jamais G.P. n'arracha au banal discours joyaux plus brillants ni si purs. Jamais plus fol alibi n'accoucha d'avatars si mirobolants. Oui, il fallait un grand art, un art hors du commun, pour fourbir tout un roman sansça.

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