mardi 26 mai 2009

Adaptações da literatura para o cinema

O Festival de Cannes acaba de acabar e, em homenagem a todo esse tempo em que o festival foi assunto número 1 na França, voilà um post sobre cinema. Mas, na realidade, tudo começou há um tempinho atrás quando, pensando sobre alguns temas interessantes para palestras sobre editoração, comecei a me perguntar sobre as interações entre o cinema e a literatura. Um assunto que não vemos em sala de aula, mas que se desenvolve cada vez mais.

Algumas informações sobre o assunto vieram num belo dia chuvoso, às 21h30 da noite, quando meu namorado se deu conta de que não tinha comprado (e precisava comprar) a edição número 20.000 do Le Monde. Como era um pouco tarde e, em Lyon, as lojas não ficam abertas de jeito nenhum à noite, a nossa única esperança foi a estação de trem : deu certo! Depois de descer de bicicleta até a estação (observe que chovia), achamos a linda edição número 20.000. E a minha recompensa veio junto : como era sexta-feira, o Le Monde veio com o caderno Le Monde des livres! E foi la que eu achei uma dupla inteirinha sobre a relação entre editoração e cinema (De l’écrit à l’écran – désirs d’adaptations / Do escrito à tela – desejos de adaptações).

O Dossier do Le Monde sobre o assunto começa mostrando que existem dois tipo de transposição de um livro para a tela : “a da arte e a do dinheiro, da poesia e da economia”. Sendo que, geralmente, a primeira é concebida e idealizada pelo cineasta (que busca uma aproximação cultural e tenta pegar o espírito da obra literária) e a segunda pelo produtor (que faz uma “vampirização” de assuntos já consagrados).

É assim que começam as questões sobre o que uma boa adaptação. E “quais são os critérios de um bom texto adaptável?” A produtora de Prends soin de toi, Michèle Halberstadt, diz que o essencial é a história, que o público quer um enredo. No entanto, mesmo se os autores não estão sempre de acordo com as adaptações que são feitas de seus textos, a maioria deles concordam que “todas as adaptações, mesmo as piores, levam os espectadores às paginas de seus livros.”

Mas e o editores? Considerando a multiplicação das adaptações das obras literárias, os editores passam à ofensiva e as reuniões com produtores ganham espaço em suas agendas nos salões e feiras do livro. No ultimo Salão do livro de Paris, conta-se uma média de 15 reuniões por editor. Além disso, eles começam a exigir mudanças nos contratos. À princípio, autor e editor têm direito a uma remuneração mínima garantida, mas também a uma porcentagem calculadas sobre a receita líquida do produtor obtida à partir das diferentes formas de exploração do filme. No entanto, os editores começam a se definir como um bloco para se impor e exigir algumas mudanças como “remuneração bruta, valorização do assunto, limitação dos direitos de adaptação”.

Por outro lado, o autores também se mobilizam já que têm a opção de se dirigir diretamente aos produtores. Em Mônaco, entre 19 e 21 de março, o Fórum cinéma et littérature, que existe há 8 anos, colocou em contato cineastas, cenaristas, agentes, autores e atores com o objetivo de ser “um banco de idéias internacionais para os profissionais do cinema, da literatura, da televisão, das HQs e dos jogos de videogame.

Inclusive, os quadrinhos acompanham as evoluções das adaptações da literatura para a tela. “Para a número 1 em HQ na França, a adaptação para o cinema se transformou em um comércio extremamente lucrativo, com um aumento de vendas entre 20% e 30%.” Além disso, alguns contratos de cessão de direitos audiovisuais permitem que os cenaristas de HQs participem do trabalho de adaptação ao cinema.

Minha opinião : eu adoro as adaptações e mesmo se as adaptações são ruins, elas estimulam a discussão e incentivam a leitura do livro. É uma forma de falarmos do cinema, da literatura e também de voltar um pouquinho a um livro que gostamos, ou não, e de ver que, mesmo se o que esta escrito é exatamente o mesmo para todos os leitores, a história que cada um lê é totalmente diferente.

2 commentaires:

  1. Existe o caminho inverso? Passar um filme pra livro?

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  2. Nao sei o quanto isso é uma pratica frequente ou nao, certamente menos frequente que do livro pro cinema. Mas existem alguns casos, achei alguns como O Segredo, A Era do Gelo, um livro do Arnaldo Jabor... mas geralmente eles nao tentam somente contar a mesma historia, o do Segredo da dicas em funcao de tudo aquilo que eles falam no filme (eu nao vi, nem li), outros geralmente tem entrevistas com os atores, um pouco dos bastidores, curiosidades das gravacoes, etc. Mas acho que muitos livrinhos infantis vêm dos desenhos e das animaçoes, né?!
    Mas acho que um dos motivos para nao ter tanto é que quando você é um autor você quer criar a sua historia e nao reproduzir uma que você viu no cinema, assim como qualquer pessoa que tb viu o filme poderia fazer. Mesmo no cinema, alguns pensam um pouco desse jeito, ou seja, uma historia nao deve ser adaptada para o cinema pois o cinema cria de uma outra forma, que nao depende de uma historia escrita.

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