lundi 9 mars 2009

Problemas bibliotecários

As opções culturais em Paris são infinitas. No entanto, elas são sempre acompanhadas de muita fila : 2 horas para entrar na exposição do Petit Nicolas, 2h30 para subir nas torres da Notre-Dame, 1h para almoçar no restaurante universitário no domingo e por aí vai... Mas tudo isso é meio previsível e não acontece só em Paris, o que me inquieta mais são filas em bibliotecas.

Sim, pra entrar em algumas bibliotecas de Paris é preciso esperar, muitas vezes, até 3 horas em pé em uma fila. E não é porque as bibliotecas são pequenas, como é o caso da BPI e da BNF que são enormes, mas que apresentam em seus catálogos, além do tradicional, livros específicos e extremamente recentes, motivos que atraem a grande parte do público.

Ok. Isso e todas as políticas de digitalização de acervos faz pensar na França como o grande modelo a ser seguido, no entanto, nem todo mundo está contente. Depois de algumas aulas e da leitura de alguns artigos de Anne-Marie Bertrand (madame bem reconhecida no mundo das bibliotecas) até parece que existe algo melhor e que tudo isso apresenta alguns problemas.

Mesmo que o sucesso de público de uma biblioteca seja essencial para a sua legitimação e para o seu poder de barganha nas definições de políticas públicas, os bibliotecários estão infelizes por não encontrarem em suas bibliotecas o público que esperavam. Com suas bibliotecas cheias de eruditos, intelectuais e estudantes (que já sabem o que querem numa biblioteca e não dão grande importância ao bibliotecário), ele se sente desvalorizado pois considera como sua função o incentivo e a orientação de um público que ainda não tem o hábito da leitura nem costuma frequentar bibliotecas. A presença de um público mais intelectual intimida esse público que viria das classes mais baixas e ainda não tem grande acesso à cultura.

Além disso, parece que os EUA são o grande exemplo a ser seguido. Diferentemente da França, que teve a implantação de suas bibliotecas ligada mais à conservação patrimonial do que ao incentivo da leitura pública, as bibliotecas nos EUA vieram de uma reivindicação popular e seriam então mais adaptadas às necessidades do povo. Algumas bibliotecas universitárias, por exemplo, ficam abertas 24 horas por dia devido às necessidades de alunos que precisam (ou gostam de) estudar durante à noite e não podem fazer isso em suas casas. Mas também contribui o fato das bibliotecas municipais fazerem parte da vida da cidade, sendo que a sua preservação não é somente um problema dos órgãos administrativos, mas faz parte das preocupações pessoais de cada cidadão.

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